Bento XVI não só está convencido de que é possível superar as
crises matrimoniais, mas também constata que a relação dos casais que conseguem
isso se torna mais profunda, seu amor fica reforçado.
Porém, para que a chama do amor volte a arder, o Papa constata
a necessidade de pessoas que apóiem os cônjuges nos momentos de escuridão,
sobretudo dando-lhes esperança, contra a corrente comum hoje em dia de
apresentar o divórcio como a solução.
O bispo de Roma considerou que a crise conjugal – falava de «crises
sérias e graves» – constitui uma realidade «com duas faces».
Por um lado, explicou, «apresenta-se, especialmente em sua fase
aguda mais dolorosa, como um fracasso, como a prova de que o sonho acabou ou se
transformou em um pesadelo e, infelizmente, ‘não há nada a fazer’».
No entanto, segundo o Papa «há outra face, que nós desconhecemos
com freqüência, mas que Deus vê. Toda crise, de fato – a natureza nos ensina –,
constitui o passo a uma nova fase da vida. Ainda que no caso das criaturas
inferiores isso aconteça de maneira automática, no ser humano implica a
liberdade, a vontade e, portanto, uma
‘esperança maior’ que o desespero».
«Nos
momentos mais escuros, os cônjuges perderam a esperança; então se dá a
necessidade de outras pessoas que a custodiem, de um ‘nós’, de uma companhia de
autênticos amigos que, com o máximo respeito, mas também com sincera vontade de
bem, estejam dispostos a compartilhar algo de sua própria esperança com quem a
perdeu. Mas não de maneira sentimental ou superficial,
e sim
organizada e realista.»
Deste
modo, no momento da ruptura, oferecem ao casal «uma referência positiva na qual
confiar frente ao desespero».
«De fato,
quando a relação se degenera, os cônjuges caem na solidão, tanto individual
como de casal”. Perdem o horizonte da comunhão com Deus, com os demais e com a
Igreja. Então, vossos encontros oferecem o ‘amparo’ para não se perder
totalmente e para voltar a subir pouco a pouco a montanha.»
Por este
motivo, apresentou às pessoas que ajudam os casais em Cristo como «custódios de
uma esperança maior para os esposos que a perderam».
«Quando
um casal em dificuldade ou – como demonstra vossa experiência – inclusive já
separado, se encomenda a Maria e se dirige Àquele que fez dos dois ‘uma só
carne’, pode estar seguro de que a crise se converterá, com a ajuda do Senhor,
em um momento de crescimento e que o amor será purificado, amadurecido,
reforçado.»
Isso,
advertiu Bento XVI, «só Deus pode fazer, Ele que quer servir-se de seus
discípulos como de válidos colaboradores para aproximar-se dos casais,
escutá-los, ajudá-los e redescobrir o tesouro escondido do matrimônio, o fogo
que foi sepultado sob as cinzas».
«Reaviva
e faz que volte a arder a chama; certamente, não como no enamoramento, mas de
uma maneira diferente, mais intensa e profunda: porém, é sempre a mesma chama»,
afirmou.
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