terça-feira, 4 de setembro de 2012

A PALAVRA DO PAPA

Como agir com os casais em segunda união?

Durante a sua permanência em Milão por ocasião da Jornada Mundial das Famílias, no início de 
junho, o Papa Bento XVI respondeu a várias perguntas. 
Uma delas lhe foi dirigida pelo casal Marta/Manoel, de Porto Alegre.
Santidade, no nosso Brasil, como, aliás, no resto do mundo, continuam a aumentar as falências matrimoniais. Chamo-me Maria Marta, ele é Manoel Ângelo. Estamos casados   há 34 anos e já somos avós. Na qualidade de médico e psicoterapeuta familiares, encontramos muitas 
famílias, notando nos confl itos de casal uma dificuldade mais acentuada de perdoar e de aceitar o perdão, mas em vários casos constatamos o desejo e a vontade de construir uma nova união, algo duradouro, mesmo para os fi lhos que nascem da nova união. Alguns destes casais re-casados teriam vontade de aproximar-se da Igreja, mas, quando vêm negar-lhes os sacramentos, a 
sua decepção é grande. Sentem-se excluídos, marcados por um juízo sem apelo. Estas grandes penas magoam profundamente aqueles que nelas estão envolvidos; são lacerações que se tornam também parte do mundo, são feridas também nossas e da humanidade inteira .  Santo Padre, 
sabemos que a Igreja leva no seu coração e s t a s situações e estas pessoas:
 que palavras e que sinais de esperança lhes podemos dar?

Bento XVI: 

Queridos amigos, obrigado pelo vosso trabalho de psicoterapeutas a favor das famílias, muito necessário. Obrigado por tudo o que fazeis para ajudar estas pessoas que sofrem. 
Na verdade, este problema dos re-casados   é um dos grandes sofrimentos da Igreja atual. E não temos 
receitas simples. O sofrimento é grande. Podemos apenas animar as paróquias e seus agentes a ajudar 
estas pessoas a suportarem o sofrimento desta situação. Primeiramente, é muito importante a prevenção, isto é, encarar o namoro desde o início com uma decisão séria e amadurecida. Em seguida, durante o matrimônio, seguir as famílias, de modo que nunca se sintam sozinhas, mas realmente acompanhadas no seu caminho. Quanto a estas pessoas, devemos dizer que a Igreja as ama, mas elas devem ver e sentir este amor. Considero grande tarefa da paróquia, da comunidade 
católica, fazer todo o possível para que elas sintam que são amadas, acolhidas, que não estão “fora”, apesar de não poderem receber a absolvição e a comunhão: devem ver que, mesmo assim, vivem plenamente na Igreja. Mesmo se não é possível a absolvição na confissão, não deixa de ser muito importante um contacto permanente com um sacerdote, com um diretor espiritual, para que 
possam ver que são acompanhadas, guiadas. Além disso, é também muito importante que 
sintam que a Eucaristia é verdadeira e participam nela se realmente entram em comunhão com o Corpo 
de Cristo. Mesmo sem a recepção “corporal” do sacramento, podemos estar espiritualmente 
unidos a Cristo no seu Corpo. É importante fazer compreender isto. Oxalá encontrem a possibilidade real de viver uma vida de fé, com a Palavra de Deus, com a comunhão da Igreja, e possam ver que o 
seu sofrimento é um dom para a Igreja, porque, deste modo, estão a serviço de todos, inclusive para 
defender a estabilidade do amor, do matrimônio; e que este sofrimento não é só um tormento físico e psíquico, mas também um sofrer na comunidade da Igreja pelos grandes valores da nossa fé. Penso que o seu sofrimento, se realmente aceito interiormente, seja um dom para a 
Igreja. Devem saber que precisamente assim servem a Igreja, estão no coração da Igreja

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